bruna spoladore
Viu?! Tá passando...(2009)
Esta pesquisa começou com o interesse em investigar a cidade e a partir das relações corpo-cidade passamos a nos relacionar com a questão da passagem no corpo.
O foco temático da pesquisa assim é a passagem e como ela acontece no corpo do dançarino e na imagem percebida pelo observador. Passagem que está relacionada a um corpo que compartilha com outros corpos mas também com o ambiente, passagem que surge dessa relação do corpo com a cidade, a passagem de fluxos na cidade (pessoas, passar por lugares...) e sua relação com a passagem de fluxos no corpo.
O próprio corpo entendido como passagem, na medida em que estamos sempre nos atualizando, na ação. Passagem que produz um estado corporal de infinitude, nada começa e nada termina apenas continua.
No processo a visão sobre passagem foi tornando-se mais complexa, estabelecendo a relação de observar e ser observado, o que gera no corpo uma constante atualização.
No processo a visão sobre passagem foi tornando-se mais complexa, estabelecendo a relação de observar e ser observado, o que gera no corpo uma constante atualização.
Destas ações e das imagens advindas delas emergiu a relação corpo/câmera e começamos a investigar sobre como a linguagem do cinema pode adentrar no corpo que dança. Um exemplo, que pode ser aqui apontado, é a experiência do procedimento zoom out e zoom in como modo de operar da câmera, mas transportado para/no corpo. O movimento no corpo produzido durante o trabalho é todo originado pelo olhar e seus desdobramentos, é o olho que desenha no espaço a passagem e com ele leva o corpo inteiro. Durante o trabalho são investigadas diferentes formas de olhar: aproximar (zoom in), afastar (zoom out), olhar rápido, devagar, pausar, olhar o próprio corpo, o espaço e o corpo do outro de diferentes ângulos. Oriundas deste olhares vieram as diferentes percepções, pois ao olhar rápido a torrente de informações visuais que nos chega é tão grande que quase não possibilita a consolidação de conhecimento, produz apenas ruído, ao contrário do tempo mais dilatado como escolha para a ação de observar, que pode possibilitar reconhecer cada elemento que compõe a imagem e elaborar as respostas a cada estímulo.
Deste modo, dessa corpovideografia, é gerado no dançarino uma forte consciência da relação entre o trabalho que ele está a produzir e as imagens formadas sobre este por quem observa. O que o faz estar atento a si e à relação que se estabelece com quem assiste.
Este projeto foi contemplado pelo Edital Pesquisa em Dança/2009 na categoria Residência.
Ficha técnica
Performance: Bruna Spoladore e Fausto Franco
Orientação: Olga Nenevê e Gladis Tridapalli


