bruna spoladore
dente - de - Leão (2012)
Esta pesquisa teve início no final de 2010, quando comecei a experimentar qualidades de movimento que tenho dificuldades em trabalhar, desta forma o trabalho nasceu da vontade de experimentar novos modos de dançar, trabalhando mudanças de estados corporais, do vigoroso e forte, que para mim são estados mais difíceis de serem alcançados, para o suave e o frágil, estados que já trabalho a mais tempo e que portanto são mais fáceis de serem acessados. Este trabalho de pesquisa é assim um desafio. O objetivo de “dente-de-Leão” (o próprio nome é uma brincadeira entre a flor que leva este nome e o
significado literal que seria um dente de leão) é trabalhar oposições entre estados corporais, bem como transições entre um estado e outro. Algumas perguntas que emergiram do processo foram: como transitar entre os estados? Como manter um estado corporal? Como posso trabalhar e produzir um estado que seja mais forte e agressivo? Como atualizar um estado corporal a cada experimento, a cada apresentação?
Durante todo o processo tenho me utilizado de muitas imagens visuais para produzir os estados e os movimentos corporais. Uma imagem que olho com frequência é a da escultura Nature Study de Louise Bourgeois, a qual vejo como uma figura andrógina, metade macho, metade fêmea, metade humana, metade bicho e que me remete para o tema da pesquisa e que me contamina muito no processo e criação desta dança.
Neste trabalho artístico estou propondo as mudanças de estados corporais porque quero discutir sobre como cada de um nós somos muitos e vários, sobre como podemos ser frágeis e fortes, delicados e vigorosos, sobre nossos diferentes modos de ser em diferentes contextos. Creio, portanto, que seja um trabalho que possibilite entender o quanto uma só pessoa pode se mostrar muito diferente em distintos contextos, situações e tempos.
Este projeto foi contemplado no Edital Pesquisa em Dança/2012 na categoria Estruturação Coreográfica. dente-de-Leão foi apresentado na Casa Hoffmann - Centro de Estudos do movimento (2012 - Curitiba/PR) e na Mostra de Dança de Campo Mourão (2013).
Ficha técnica
Criação: Bruna Spoladore
Trilha: Felipe Ayres
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Figurino: Fabianna Pescara e Renata Skrobot
Arte e design gráfico: Thalita Sejanes
Registro em foto e vídeo: Produtora Trilhos
Operação de som: Ed Canedo
Operação de luz: Alex Muller
Colaboração artística: Candice Didonet, Mônica Infante, Cândida Monte e Renata Roel.
Foto: Guilherme Melnik
enquanto gritávamos, enquanto tremíamos, enquanto dançávamos...
(videodança - 2012)
Esta videodança é um desdobramento do trabalho dente-de-Leão. Ela foi realizada durante a leitura de “A Doutrina do Choque - A ascensão do capitalismo de desastre” de Naomi Klein. O trabalho trata de um corpo sem identidade forte e frágil ao mesmo tempo. Um corpo que se sente impotente frente aos acontecimentos do mundo, mas que sente que ainda assim precisa se expressar, precisa fazer algo, nem que seja um grito mudo, uma pequena ação, um expor a pele, um expor a fragilidade e ainda assim tentar parecer forte.
O trabalho tem como referência o famoso quadro “O grito” de Edvard Munch.
Este trabalho foi selecionado para fazer parte do acervo do MAPA D2 no eixo curatorial "Emergência em Videodança" de autoria de Sarah Ferreira.
Ficha técnica
Performance: Bruna Spoladore
Edição: Bruna Spoladore
Foto: Acervo pessoal de Bruna Spoladore

